quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O DISCÍPULO E O LAR CRISTÃO

LIÇÃO 2 - O DISCÍPULO E O LAR CRISTÃO

A família foi uma instituição criada por Deus, cuja finalidade é proporcionar os meios para que o homem cumpra os propósitos divinos destinados a ele.

INTRODUÇÃO
Como já vimos, o discípulo deve refletir a sua luz como filho de Deus. O lugar em que isto necessita ocorrer é no lar. Geralmente, é no lar onde encontramos as maiores dificuldades para demonstrarmos nosso caráter cristão. Davi assim se expressou: “ Andarei em minha casa com coração sincero ” (
Sl 101:2b). Objetivo do cristão é viver dentro do lar de forma a demonstrar a sua nova vida em Cristo.

I. O QUE É O LAR
Podemos formular vários conceitos sobre o lar. Certa revista de Londres fez uma pesquisa entre seus leitores sobre sua concepção do lar.Das oitocentas respostas, foram selecionadas sete.
“Lar” — Um mundo de contrariedades lançadas fora, e um mundo de amor condensado.
“Lar” — Um lugar onde os pequenos são grandes e os grandes são pequenos.
“Lar” — O reino do pai , o mundo da mãe e o paraíso da criança.
“Lar” — O lugar onde mais murmuramos e o lugar onde nos tratam melhor.
“Lar” — O centro de nossas afeições, em redor do qual circulam os mais insignes anelos do nosso coração.
“Lar” — É o lugar onde o nosso estômago recebe três refeições completas e o nosso coração, milhares.
“Lar” — O único lugar na terra onde as faltas de humildade são ocultas sob o doce manto da caridade. ( Tesouro de Ilustrações ).
Para que se tenha um lar, não é necessário apenas várias pessoas vivendo sob o mesmo teto, precisa existir um objetivo comum.
Deus nunca desejou que o homem vivesse sozinho. Por isso, o próprio Deus assim falou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”.(
Gn. 2: 18 – NVI ). Assim, Deus preparou para o homem uma companheira. A fim de ter a mulher a seu lado, Adão sacrificou uma parte de si, simbolizada pela costela. Isto é uma demonstração que no casamento um deveria doar-se ao outro. O Senhor os une: “Assim não serão mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” ( Mt. 19:6 ). Desta forma, observamos a vontade divina que ressalta a santidade do casamento.

1. A família, a base do lar.

A família constitui-se na primeira instituição colocada por Deus na terra.Ele desejava que o ser humano vivesse neste agrupamento social onde compartilharia suas experiências e onde obteria consolo. Se Deus não quisesse que o homem convivesse em família, poderia fazê-lo de outro modo.

Este é o plano de Deus para a família:
lares reunidos para louvar a Deus e seguir a orientação divina. Entretanto, o que temos presenciado é uma ação avassaladora contra a família, promovida pelo diabo. Todos valores necessários à sobrevivência da família são ridicularizados a começar pelo casamento. Bem no início da história humana, vemos o pecado entrando por meio do primeiro casal e atingindo seus filhos. Isto exemplifica o problema maior da família a ação satânica com o fim de destruí-la. De outro lado, verificamos a ação externa ou seja, os modelos de fora, hábitos, comportamentos contrários à palavra de Deus que penetram no lar.Foi o que aconteceu com Diná, filha de Jacó. A Bíblia registra que ela “saiu para conhecer as mulheres daquela terra” ( Gn.34:1 ). Os costumes dessa gente a atraiu e, por isso contribuiu para sua infelicidade. .

Através da Bíblia, verificamos que o Senhor sempre se preocupou com a família. Vejamos alguns exemplos:
Deus providenciando salvação a Noé e sua família;

Deus se preocupando com “todas as famílias da terra”;
Deus intervindo na vida de Moisés para salvá-lo da morte;
Deus agindo na família de Jacó para que , através de José, tivesse os meios necessários a sua subsistência.
O Decálogo e outras leis foram criadas com o fim de proteger a família.
Além disso, muitas cerimônias foram ordenadas com a finalidade de envolver a família e ela pudesse compreender o significado delas. Na realização da Páscoa bíblica, os hebreus deveriam “separar um cordeiro ou um cabrito, para sua família, um para cada casa” conforme
Êx.12:3b- NVI..
Josué, sucessor de Moisés, compreendeu o perigo que rondava o povo de Deus naquele tempo. Os ídolos ameaçavam acabar com o culto divino. A solução para o problema estava na família. Josué então convocou o povo e disse: “Escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam d´além do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais” (
Js. 24:15).Antes, porém que o povo manifestasse sua decisão, Josué afirmou categoricamente que ele e sua família serviriam ao Senhor. Ele foi um exemplo de líder que soube tomar uma atitude para salvar Israel e isso só seria possível fortalecendo a família através do culto a Deus

II O LAR COMO EXTENSÂO DA IGREJA .
1.O que significa o vocábulo Igreja?Igreja é uma palavra que se origina do termo grego ekklesia, significando “os chamados para fora”, ou seja, um grupo de pessoas tiradas para fora de algo. O termo pode também pode referir-se a uma congregação como em
At.13:1 ou ao conjunto de crentes da terra; Ef.5:32. A palavra ekklesia aparece 115 vezes no Novo Testamento. Fazemos parte de uma igreja local e da igreja universal, entretanto, o significado de igreja é mais profundo: ela é o corpo de Cristo e Ele é a cabeça da igreja. Esta relação de Cristo com sua igreja exprime a união: o corpo que funciona como um todo, obedecendo a Jesus e fazendo Sua obra. Na Grécia antiga, constituía as pessoas escolhidas por direito de cidadania para deliberar sobre questões públicas.
Os salvos foram escolhidos para integrar-se a este povo especial denominado igreja. Jesus disse:

“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda” (Jo.15:16).
A igreja é constituída por famílias. Famílias equilibradas contribuem para a formação de uma igreja forte e saudável. A igreja também é o reflexo da família, sendo a igreja um fator importante a fim de fortalecer a vida em família.

O lar é uma extensão da igreja:
Não pode haver separação entre o lar e a igreja; adora-se a Deus na igreja e esta deve continuar no lar. Os princípios bíblicos aprendidos na igreja devem ser desenvolvidos no seio do lar. Deve haver uma estreita cooperação entre o lar e a igreja .

A questão que se propõe é a seguinte:
Como o lar deve empenhar-se para auxiliar a igreja?

Em primeiro lugar, a família deve ser estimulada a freqüentar a igreja. O salmista Davi assim pronunciou; “Alegrei-me quando me disseram; Vamos à casa do Senhor” (Sl.122:1).. Em outra ocasião, ele se referiu da seguinte forma: “se eu me esquecer de ti ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza”. (Sl.137:5)

Em segundo lugar, a criança desde a mais tenra infância necessita ir à igreja: a infância é a época ideal para se dar os primeiros passos nas coisas espirituais. A Bíblia assegura: “ Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, até, quando envelhecer, não se desviará dele” ( Pv.22: 6 ). Se a oportunidade da infância for perdida, mais tarde lamentaremos e Deus exigirá de nós. Façamos como Ana, que bem cedo levou o seu filho à casa do Senhor: “E ele adorou ali ao Senhor.” ( I Sm. 1:28b ).

Em terceiro lugar, toda a família deve ir junta ao templo:
os filhos não devem ir sozinhos à igreja, mas devidamente acompanhados dos seus respectivos pais. Uma família que adora unida torna-se uma bênção. Na Bíblia fala-se da família de Hemã composta de catorze filhos e três filhas: “Todos estes estavam ao lado de seu pai para o canto da Casa do Senhor, com saltérios, e alaúdes e harpas” ( I Cr. 25:5 ).
Finalmente, não é conveniente que se façam comentários negativos aos líderes de trabalho da igreja, pois desta forma estaremos desestimulando a família a participar dos trabalhos da igreja.

III. A VIDA CRISTÃ NO LAR
1.O que é vida cristã? Viver de forma cristã não é fácil. O discípulo assumiu um compromisso com seu Mestre para viver de forma a agradá-lo e para tal necessita renunciar a muitas coisas. “Um homem perguntou a Moody: — Como explica o senhor o fato de que Maomé começou o seu trabalho 600 anos depois de Cristo e já agora existem mais maometanos do que cristãos?Moody respondeu: — Um homem pode ser discípulo de Maomé sem ter que negar-se, sem ter de levar nenhuma cruz. Pode viver no pecado mais negro e imundo. Se um homem, porém, quer ser discípulo de nosso Senhor Jesus Cristo, deve deixar o mundo, tomar sua cruz e seguir ao Senhor.”
Muitos querem aderir a um cristianismo sem cruz, sem renúncia, ou seja um caminho largo através do qual possam realizar todas suas vontades. O próprio Jesus renunciou a muitas coisas.A Bíblia menciona acerca de Jesus: “mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome ”,
FL. 2 :7-9. É bom ressaltar que o cristianismo impõe não somente renúncias como também coisa a fazer. A alegria do cristão compensa tudo.
O discípulo verdadeiro que deseja seguir a Cristo não recua porque tem de renunciar algo,como o Mestre falou:”E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (
Lc.14:27 ).Assim, dentro do lar precisamos renunciar a nós próprios, sabermos ceder e não dar lugar ao egoísmo.
A vida cristã é comparada a uma corrida em
Fl. 3:13-14. O atleta não pode ficar olhando para trás,pois perderia seu prêmio:ele precisaria concentrar-se, reunir todas as suas forças a fim de chegar ao seu destino.Assim é o discípulo: não ficar fixando-se em problemas

2.Como viver a vida cristã no lar. Agora, o desejo do discípulo deve ser a salvação da família. O Senhor prometeu: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua casa” At.16:31.O pai deve interessar-se pela salvação de seus filhos.Sem imposição, pelo seu exemplo e paciência, os filhos perceberão a fé do pai.Deus agradou-se de Abraão, porque ele ordenaria seus filhos para que seguissem os caminhos do Senhor. Abraão compreendeu que muitas bênçãos estavam destinadas a sua posteridade e estas bênçãos não viriam se seus filhos não cultuassem a Deus, conforme Gn. 18:19.

No lar, o pai deve ser justo em suas ações e entender a importância do seu exemplo:
ele é o espelho em que os filhos vão mirar-se.A Bíblia mostra os fatos acerca de Jacó. Este enganou seu pai e, conseqüentemente mais tarde, os filhos de Jacó o enganaram, afirmando que José estava morto. Depois de muito sofrimento, Jacó deve ter ficado abalado ao saber que seus filhos o enganaram, como ele próprio, fizera com seu pai no passado, conforme Gn.37:31-32. Todos os relacionamentos devem ser baseados na verdade, para que o filho tenha confiança no pai. Assim, será mais fácil ensinar no lar sobre o amoroso Pai, Deus.
Na Roma antiga, o menino, quando crescido, tornava-se o companheiro do pai, ao contrário dos gregos que eram entregues ao cuidados de um escravo ou pedagogo. O filho ao lado do pai, aprenderia as virtudes deste. É necessário, pois, gastar tempo, investir na família.
O pai precisa orar por seus filhos. Jó continuamente suplicava a Deus por seus filhos: “Terminado um período de banquetes, Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava:”Talvez os meus filhos tenham, lá no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus”. Essa era a prática constante de Jó” (
Jó 1:5 –NVI ).
A adoração deve ser exercida no lar: os pais não podem deixar a instrução bíblica aos cuidados apenas da igreja, pois a primeiro dever é dos pais; a igreja complementa o ensino do lar e possui a primeira obrigação com as crianças cujos pais não são crentes.
O culto doméstico é de grande importância para a família. É o momento em que pais e filhos se reunirão e juntos cultuarão a Deus. Deve ser escolhido o melhor horário e não precisa ser de longa duração. No programa, há o período de cânticos, de leitura bíblica e de oração. O importante é que todos participem.Pode-se dar oportunidade a uma criança cantar,orar ( e devemos fazê-lo ) e permitir também que os adolescentes o façam. Mais tarde, outros assuntos poderão ser incluídos como intercessões pela igreja e período missionário. As necessidades da família são apresentadas em oração e, quando forem respondidas, a fé de todos é estimulada. Havendo visitas, o culto doméstico deve ser realizado do mesmo modo: o recém-chegado é convidado a participar da reunião familiar. O culto doméstico deixa uma forte impressão, ao ouvir-se um pai ou mãe orando pelos filhos, isso jamais será esquecido pela família nem na eternidade. João Paton, missionário, enviado aos antropófagos relembrava o culto doméstico e mencionava que seu momento preferido era quando o pai mencionava o nome do filho em oração.
A mãe também é de importância fundamental no lar. A Bíblia menciona duas mulheres que exerceram grande influência na vida de Timóteo: a avó Lóide e a mãe Eunice que não se descuidaram, mas souberam incutir a fé real nele: “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti” (
2 Tim1:5 ). A mulher cristã é uma bênção para seu lar, pois” do Senhor vem a mulher prudente”, Pv.19:14.
Já mencionamos que devemos ser como luz. O mesmo se aplica à mulher cristã.. Nos tempos bíblicos, existiam lâmpadas que eram acesas, através do azeite.Pelo fato de as lâmpadas ficarem sempre acesas, havia sempre no ambiente um ambiente agradável. Conforme
Pv. 31:18, cabia à mulher manter acesa a lâmpada acesa. Assim, dentro do lar com suas ações, a mulher mostra que é serva de Deus.Procura dar o melhor de si, sabendo que não é pelo muito falar, mas pela sua conduta que poderá ganhar a família para Cristo,conforme 1 Pd.3:1c:”Pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra”
O filho cujos pais não são crentes deve honrá-los. A Bíblia ordena e
Ef.6:1-2: “Vós, filhos sede obedientes a vossos pais no Senhor,porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra”.Se o filho almeja conduzir seus pais a Cristo, primeiro precisa conquistá-los: o comportamento deve ser modificado. Na vida do cristão existem duas palavras importantes: antes e depois. Anteriormente, o filho podia ser insubmisso, agora deve agradar aos pais, mostrando interesse por eles e respeitar suas determinações como, por exemplo, seguir os horários prescritos . Desta forma, será mais fácil os pais aceitarem um convite para participar do culto.
Sobretudo o discípulo precisa cultivar uma vida de oração e leitura da Bíblia. Assim, estará agradecendo a Deus por suas bênçãos, pedindo orientação através de sua Palavra.

Conclusão.
Que maravilha será quando no lar eterno, encontrarmos nossa família! É bom trabalharmos para Jesus, porém não podemos esquecer de nossa família pois ela está incluída no plano divino.
O Dr. DeHaan,criador da “Radio Bible class”, comentou: “Ir a Cristo,não nos custa nada; seguir a Cristo, nos custará alguma coisa; mas servir a Cristo, nos custará tudo”.
As palavras acima também referem-se ao empenho que cada um deve ter em relação a sua família.

sábado, 8 de agosto de 2009

Aulas para Discipulado

LIÇÃO 1
O DISCÍPULO E A COMUNIDADE


A família foi uma instituição criada por Deus, cuja finalidade é proporcionar os meios para que o homem cumpra os propósitos divinos destinados a ele.

INTRODUÇÃO
O homem é de natureza gregária, deseja aproximar-se de seus semelhantes e viver em comunidade.O capítulo 17 de João é conhecido como a “ Oração Sacerdotal de Jesus ”. No capítulo mencionado, Jesus orou por si mesmo (v.1- 5) e pelos seus discípulos (6-26). Esta é a oração mais longa de Jesus,sendo a maior parte focalizada em seus discípulos. O Mestre salientou: “ Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal ”( v.15 ). O objetivo de Jesus era que seus discípulos atuassem de forma decisiva no mundo,cumprissem sua real missão de expandir o Evangelho. Essa finalidade não seria cumprida, se os discípulos se isolassem do mundo.

I. UMA NOVA VIDA ESPIRITUAL

Agora, o cristão tem a sua disposição a verdadeira vida conforme Jo. 10: 10: “ O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância .”

1.UMA NOVA FÉ.
Após obter a nova fé em Cristo Jesus, o discípulo poderá pensar: Deverei viver de forma reclusa ? Poderei continuar participando das mesmas coisas ? Deus não deseja que o crente adquira comportamentos do tipo “ convento”, porém deseja que ele compartilhe sua fé. Jesus afirmou ao gadareno : “ Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes , quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti”, Mc.5 :9. Uma outra atitude errada se mostra, quando o novo crente convive em ambientes diferentes ; no meio de incrédulos , ele se comporta de uma forma e no relacionamento com seus irmãos na fé ele age de outro modo. É necessário que o convertido assuma uma posição : “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mt. 10:32 ) .O apóstolo Paulo antes da sua conversão seguia religiosamente as tradições de seus pais, no entanto, após seu encontro com o Mestre, compreendeu que tinha diante de si uma nova vida . Não era simplesmente uma religião; era um caminho que conduzia ao Pai, Jo.14: 6. Paulo mesmo afirma : “ Mas confesso-te que,conforme aquele Caminho, a que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos profetas”, At.24: 14. Assim, ele resolveu romper com velhos conceitos e passou a compartilhar com outras pessoas sua experiência : “Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado pela palavra, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo”, At.18 :5 .Paulo levou a sério sua missão de comunicar o evangelho. Assim,por volta do ano 100 d. C. ,o evangelho atingira além da Palestina, Síria , Macedônia , Grécia, Roma, Alexandria e, provavelmente, a Espanha.
A fé do discípulo precisa ser demonstrada principalmente através das obras :estas revelam o caráter. Jesus disse que os homens observariam as obras dos crentes : “ Para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” , Mt. 5:16 .
É bom ressaltar que as obras não conduzem à salvação, porém elas são expressão de uma vida com Deus. Não existe mérito algum em praticá-las :toda honra deve ser dada a Deus: os cristãos precisam ser “cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus”, Fp 1:11. Praticamos boas obras não para sermos salvos,mas porque já recebemos a salvação, pois ela “não vem de vós; é dom de Deus”, Ef. 2:8. O cristianismo sadio é demonstrado na comunidade através das boas obras: “ Em tudo, te dá por exemplo de boas obras” ( Tt. 2:7 ). Já o incrédulo nega a Deus com suas obras ( Tt. 1:16). Quanto às obras, o importante para Deus não é a quantidade, mas a qualidade. Devemos sentir prazer em praticá-las e não nos orgulharmos delas.

2.UMA NOVA ESPERANÇA
Ao adquirir uma nova fé, o cristão também obtém “uma viva esperança” (1 Pd. 1:3). Ele espera pelo socorro, orientação e consolo do Senhor.O discípulo se firma na esperança: “ E a esperança não traz confusão...” ( Rm. 5:5). As dificuldades surgem, contudo o convertido aguarda pela resposta de Deus: “Bendito o varão que confia no Senhor,e cuja esperança é o Senhor” (Jr. 17:7).
A esperança permite que se veja além dos problemas. A Bíblia registra sobre Moisés: “Pela fé, deixou o Egito,não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível”, conforme Hb.11:27.
O crente é uma pessoa feliz, capaz de contagiar os outros com sua esperança :” Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois no Senhor” ( Sl. 27 :14 ). O possuir uma esperança eterna faz com que o salvo não se desespere, pois “ o justo até na sua morte tem esperança” ( Pv. 14:32 ). Nosso Deus é chamado de o “ Deus da esperança”.
A Bíblia declara: “ Se esperamos em Cristo só nesta vida,somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co.15:19 ). Nossa esperança ultrapassa esta vida; quando o cristão tiver de enfrentar a morte,este possui a garantia da ressurreição,pois Jesus “transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso”... ( Fl.3:21 ).O salvo possui uma real esperança: a de um dia poder habitar com o Senhor. Como diz o hino 469 da HC. : “Oh Que música suave há de ser p’ra mim ouvir / O meu nome Jesus Cristo anunciar”... O cristão possui a certeza através de Jesus que a história de sua vida terá realmente um final feliz.
Outro motivo para a esperança do cristão são os galardões. O Senhor recompensará fielmente seus servos. A Bíblia mostra em Is. 40:10: “Eis que o seu galardão vem com ele, e o seu salário, diante da sua face”. Naquele dia, todos comparecerão perante o tribunal de Cristo onde o trabalho de cada um será avaliado. O perfeito Juiz examinará a motivação e propósito de cada um que realizou algo para seu Mestre o qual verificará a qualidade do trabalho.
Jesus salientou: “ Qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” ( Mt.10:42). Nada será esquecido pelo Senhor.
Cada um deve procurar trabalhar pra o Senhor sem importar-se com a obra do outro, pois aquele que receber” um profeta na qualidade de profeta”, obterá “galardão de profeta”.Os escritos judaicos apresentam ensinos semelhantes: “ Aquele que recebe em sua casa um homem sábio ou presbítero, é como se tivesse recebido o Shekinah”( a presença de Deus ).
Quanto à esperança do hipócrita, a Bíblia afirma que ela ficará frustrada, conforme Jó 8:13.

II - UMA NOVA VIDA MORAL

Podemos definir moral como: “Princípios que regem a vida do ser humano, mostrando-lhe o que é certo e o que é errado”(DICIONÀRIO TEOLÒGICO- CPAD).

1.O conceito bíblico de moral.
A Bíblia mostra que antes da conversão. O homem possuía uma mente natural, ou seja, ele vivia para satisfazer seus desejos carnais. É o “velho homem” que corresponde à sua vida antiga. Não há nada de bom neste “ velho homem”. Rm. 7:18b assim registra:” o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem”.
Após a pessoa receber Jesus como seu Salvador,entra em destaque o “novo homem”, que é resultado do novo nascimento. A NVI menciona: “Quanto à antiga maneira de viver,vocês foram ensinados a despir-se do velho homem,que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir- se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” ( Ef.4:22-24 ).
Portanto,o novo crente é posto diante de uma nova moral de acordo com os padrões bíblicos.
A moral bíblica não é para ser praticada de modo parcial; ele é uma moral integral que envolve todos aspectos de nossa vida, inclusive a área sexual. O apelo mundano é grande, entretanto “os que estão na carne não podem agradar a Deus” ( Rm.8:8 ).
Se.anteriormente,a pessoa tinha o hábito de enganar, fraudar alguém, “passar o outro para trás, ela agora adquire um novo conceito de moral: “ Não mintais uns aos outros, pois já vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl. 3:9-10).
Diante dos ensinos expostos, alguém poderá julgar que a vida do cristão é desprovida de alegria. Permita-me relatar este episódio: Certo homem encontrou um velho amigo que lhe disse: — Você deixou todos os seus prazeres...— Não – ele respondeu- Eu nunca soube o que fosse prazer senão agora.

2. Como somos vistos pela comunidade?
Muitas vezes, o discípulo pode pensar que seus atos não são percebidos pela comunidade. As pessoas estão sempre observando a atitude do convertido,pois a influência que ele exerce sobre a comunidade é imensa. Veja o exemplo de Eliseu em 2 Rs. 4: 9 “ E ela disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus”. Mesmo sem falar, o cristão pode mostrar ao mundo seu testemunho.
No convívio com as pessoas qual tem sido a nossa atitude? Agimos de forma egoística, somos trabalhadores, pontuais no serviço, somos pessoas tratáveis ou nos irritamos facilmente?
O cristão deve ser conhecido por seu falar, seja em relação às promessas que faz, seja em empregar a verdade. A Bíblia recomenda: “Seja o vosso falar: Sim, sim; não,não, porque o que passa disso é de procedência maligna” ( Mt. 5:37 ).
Com suas obras na comunidade, o convertido reflete a luz de Cristo: “ Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa,entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fl. 2:15).

III - UMA NOVA VIDA SOCIAL

Novas relações sociais. A partir de agora, o convertido passa a ter novos relacionamentos na área social: não deve basear-se em filosofias errôneas tais como “ Nem tô nem aí”,mas sua convivência com o próximo deve ser centrada no amor. A Bíblia registra: “ Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo.4:7). Temos recebido do amor de Deus, portanto devemos praticar esse amor em nossos relacionamentos.
Alguns aspectos em nossos relacionamentos precisam ser analisados, pois é necessário que mostremos a fé em ação: “ Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam,fazei-lho também vós porque esta é a lei e os profetas” (Mt. 7:12). Este versículo mostra a atitude que devemos assumir em relação aos nossos semelhantes; não sermos meros espectadores, mas sermos os primeiros a tomar a iniciativa com o fim de mostrar a diferença entre o salvo e o incrédulo.
A Bíblia ainda declara : “ Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês” (Mt. 7:2 - NVI).Isto não significa que devemos aceitar qualquer tipo de conduta, porém antes de avaliar o comportamento do próximo necessita examinar a si próprio. É o caso do homem que “engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira”, Pv. 26:19 .
Por outro lado, existem inúmeras situações novas com que o discípulo se depara: poderá participar e todas atividades sociais ou deverá exclui-se de algumas? Em primeiro lugar, tudo deve ser feito para a glória de Deus: “Portanto, quer comais ou bebais ou façais outra coisa,tudo deve ser feito para a glória de Deus” (1 Co. 10:31).
Daniel e seus companheiros enfrentaram problemas, pois tendo de mudar de ambiente, foram coagidos a desobedecer a sua fé. No entanto, decidiram não comer alimentos oferecidos a deuses estranhos e Deus honrou sua determinação ( Dn.1:8-15 ).
A Bíblia ressalta: “ Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores,nem se assenta na roda dos escarnecedores”, Sl.1:1. De acordo com esta verdade,o salvo não aceita conselhos dos ímpios, não os escolhe como companheiros e não se reúne com eles para praticar ações que desagradam a Deus.
Portanto, devemos conviver com nossos semelhantes sem participar de coisas que prejudiquem a nossa fé.O outro lado da vida social. Spurgeon assim se expressou: “ As lâmpadas não falam, brilham; um farol não faz ruído de tambores, e, no entanto, de mui longe o marinheiro pode contemplar a sua luz amiga. Que, desta forma, vossas boas obras brilhem em vossa religião. Que o sermão principal de tua vida, seja tua própria conduta”.
Nossas ações falam mais alto que as palavras.Por isso, devemos socorrer aos necessitados da comunidade.Jesus disse que: “ Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” ( At. 20: 35.)
É dever do discípulo socorrer os aflitos conforme Sl. 82:3. Dessa forma, será mais fácil conduzir pecadores a Cristo.
Através dos tempos, os cristãos têm procurado cumprir a missão de minorar o sofrimento alheio. Assim, as obras se constituem uma expressão prática de nossa fé. A Inglaterra no século 19, atuou de modo decisivo na sociedade de sua época,lutando contra a escravidão e outras injustiças sociais.
Grandes bênçãos acompanham aos que se dedicam ao próximo. A Bíblia faz promessas as que socorrem aos necessitados: “ Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita”, então “ O Senhor te guiará continuamente, e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas nunca faltam”. ( Is.58:10-11).
Conclusão. Nova vida deve ser ligada a novas atitudes. Ser discípulo é um grande privilégio.No livro “ Cristo em Cadeias Comunistas”, o autor faz uma diferenciação entre freguês e discípulo. Para ele, freguês seria aquele que tendo oportunidade de seguir a Cristo, adia sua decisão, somente na hora da morte, recebe a Cristo, ao passo que o discípulo nas horas boas ou más está sempre servindo ao Mestre. Sejamos, pois, discípulos até ao fim, quando receberemos a nossa recompensa.