sábado, 8 de agosto de 2009

Aulas para Discipulado

LIÇÃO 1
O DISCÍPULO E A COMUNIDADE


A família foi uma instituição criada por Deus, cuja finalidade é proporcionar os meios para que o homem cumpra os propósitos divinos destinados a ele.

INTRODUÇÃO
O homem é de natureza gregária, deseja aproximar-se de seus semelhantes e viver em comunidade.O capítulo 17 de João é conhecido como a “ Oração Sacerdotal de Jesus ”. No capítulo mencionado, Jesus orou por si mesmo (v.1- 5) e pelos seus discípulos (6-26). Esta é a oração mais longa de Jesus,sendo a maior parte focalizada em seus discípulos. O Mestre salientou: “ Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal ”( v.15 ). O objetivo de Jesus era que seus discípulos atuassem de forma decisiva no mundo,cumprissem sua real missão de expandir o Evangelho. Essa finalidade não seria cumprida, se os discípulos se isolassem do mundo.

I. UMA NOVA VIDA ESPIRITUAL

Agora, o cristão tem a sua disposição a verdadeira vida conforme Jo. 10: 10: “ O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância .”

1.UMA NOVA FÉ.
Após obter a nova fé em Cristo Jesus, o discípulo poderá pensar: Deverei viver de forma reclusa ? Poderei continuar participando das mesmas coisas ? Deus não deseja que o crente adquira comportamentos do tipo “ convento”, porém deseja que ele compartilhe sua fé. Jesus afirmou ao gadareno : “ Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes , quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti”, Mc.5 :9. Uma outra atitude errada se mostra, quando o novo crente convive em ambientes diferentes ; no meio de incrédulos , ele se comporta de uma forma e no relacionamento com seus irmãos na fé ele age de outro modo. É necessário que o convertido assuma uma posição : “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mt. 10:32 ) .O apóstolo Paulo antes da sua conversão seguia religiosamente as tradições de seus pais, no entanto, após seu encontro com o Mestre, compreendeu que tinha diante de si uma nova vida . Não era simplesmente uma religião; era um caminho que conduzia ao Pai, Jo.14: 6. Paulo mesmo afirma : “ Mas confesso-te que,conforme aquele Caminho, a que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos profetas”, At.24: 14. Assim, ele resolveu romper com velhos conceitos e passou a compartilhar com outras pessoas sua experiência : “Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado pela palavra, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo”, At.18 :5 .Paulo levou a sério sua missão de comunicar o evangelho. Assim,por volta do ano 100 d. C. ,o evangelho atingira além da Palestina, Síria , Macedônia , Grécia, Roma, Alexandria e, provavelmente, a Espanha.
A fé do discípulo precisa ser demonstrada principalmente através das obras :estas revelam o caráter. Jesus disse que os homens observariam as obras dos crentes : “ Para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” , Mt. 5:16 .
É bom ressaltar que as obras não conduzem à salvação, porém elas são expressão de uma vida com Deus. Não existe mérito algum em praticá-las :toda honra deve ser dada a Deus: os cristãos precisam ser “cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus”, Fp 1:11. Praticamos boas obras não para sermos salvos,mas porque já recebemos a salvação, pois ela “não vem de vós; é dom de Deus”, Ef. 2:8. O cristianismo sadio é demonstrado na comunidade através das boas obras: “ Em tudo, te dá por exemplo de boas obras” ( Tt. 2:7 ). Já o incrédulo nega a Deus com suas obras ( Tt. 1:16). Quanto às obras, o importante para Deus não é a quantidade, mas a qualidade. Devemos sentir prazer em praticá-las e não nos orgulharmos delas.

2.UMA NOVA ESPERANÇA
Ao adquirir uma nova fé, o cristão também obtém “uma viva esperança” (1 Pd. 1:3). Ele espera pelo socorro, orientação e consolo do Senhor.O discípulo se firma na esperança: “ E a esperança não traz confusão...” ( Rm. 5:5). As dificuldades surgem, contudo o convertido aguarda pela resposta de Deus: “Bendito o varão que confia no Senhor,e cuja esperança é o Senhor” (Jr. 17:7).
A esperança permite que se veja além dos problemas. A Bíblia registra sobre Moisés: “Pela fé, deixou o Egito,não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível”, conforme Hb.11:27.
O crente é uma pessoa feliz, capaz de contagiar os outros com sua esperança :” Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois no Senhor” ( Sl. 27 :14 ). O possuir uma esperança eterna faz com que o salvo não se desespere, pois “ o justo até na sua morte tem esperança” ( Pv. 14:32 ). Nosso Deus é chamado de o “ Deus da esperança”.
A Bíblia declara: “ Se esperamos em Cristo só nesta vida,somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co.15:19 ). Nossa esperança ultrapassa esta vida; quando o cristão tiver de enfrentar a morte,este possui a garantia da ressurreição,pois Jesus “transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso”... ( Fl.3:21 ).O salvo possui uma real esperança: a de um dia poder habitar com o Senhor. Como diz o hino 469 da HC. : “Oh Que música suave há de ser p’ra mim ouvir / O meu nome Jesus Cristo anunciar”... O cristão possui a certeza através de Jesus que a história de sua vida terá realmente um final feliz.
Outro motivo para a esperança do cristão são os galardões. O Senhor recompensará fielmente seus servos. A Bíblia mostra em Is. 40:10: “Eis que o seu galardão vem com ele, e o seu salário, diante da sua face”. Naquele dia, todos comparecerão perante o tribunal de Cristo onde o trabalho de cada um será avaliado. O perfeito Juiz examinará a motivação e propósito de cada um que realizou algo para seu Mestre o qual verificará a qualidade do trabalho.
Jesus salientou: “ Qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” ( Mt.10:42). Nada será esquecido pelo Senhor.
Cada um deve procurar trabalhar pra o Senhor sem importar-se com a obra do outro, pois aquele que receber” um profeta na qualidade de profeta”, obterá “galardão de profeta”.Os escritos judaicos apresentam ensinos semelhantes: “ Aquele que recebe em sua casa um homem sábio ou presbítero, é como se tivesse recebido o Shekinah”( a presença de Deus ).
Quanto à esperança do hipócrita, a Bíblia afirma que ela ficará frustrada, conforme Jó 8:13.

II - UMA NOVA VIDA MORAL

Podemos definir moral como: “Princípios que regem a vida do ser humano, mostrando-lhe o que é certo e o que é errado”(DICIONÀRIO TEOLÒGICO- CPAD).

1.O conceito bíblico de moral.
A Bíblia mostra que antes da conversão. O homem possuía uma mente natural, ou seja, ele vivia para satisfazer seus desejos carnais. É o “velho homem” que corresponde à sua vida antiga. Não há nada de bom neste “ velho homem”. Rm. 7:18b assim registra:” o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem”.
Após a pessoa receber Jesus como seu Salvador,entra em destaque o “novo homem”, que é resultado do novo nascimento. A NVI menciona: “Quanto à antiga maneira de viver,vocês foram ensinados a despir-se do velho homem,que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir- se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” ( Ef.4:22-24 ).
Portanto,o novo crente é posto diante de uma nova moral de acordo com os padrões bíblicos.
A moral bíblica não é para ser praticada de modo parcial; ele é uma moral integral que envolve todos aspectos de nossa vida, inclusive a área sexual. O apelo mundano é grande, entretanto “os que estão na carne não podem agradar a Deus” ( Rm.8:8 ).
Se.anteriormente,a pessoa tinha o hábito de enganar, fraudar alguém, “passar o outro para trás, ela agora adquire um novo conceito de moral: “ Não mintais uns aos outros, pois já vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl. 3:9-10).
Diante dos ensinos expostos, alguém poderá julgar que a vida do cristão é desprovida de alegria. Permita-me relatar este episódio: Certo homem encontrou um velho amigo que lhe disse: — Você deixou todos os seus prazeres...— Não – ele respondeu- Eu nunca soube o que fosse prazer senão agora.

2. Como somos vistos pela comunidade?
Muitas vezes, o discípulo pode pensar que seus atos não são percebidos pela comunidade. As pessoas estão sempre observando a atitude do convertido,pois a influência que ele exerce sobre a comunidade é imensa. Veja o exemplo de Eliseu em 2 Rs. 4: 9 “ E ela disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus”. Mesmo sem falar, o cristão pode mostrar ao mundo seu testemunho.
No convívio com as pessoas qual tem sido a nossa atitude? Agimos de forma egoística, somos trabalhadores, pontuais no serviço, somos pessoas tratáveis ou nos irritamos facilmente?
O cristão deve ser conhecido por seu falar, seja em relação às promessas que faz, seja em empregar a verdade. A Bíblia recomenda: “Seja o vosso falar: Sim, sim; não,não, porque o que passa disso é de procedência maligna” ( Mt. 5:37 ).
Com suas obras na comunidade, o convertido reflete a luz de Cristo: “ Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa,entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fl. 2:15).

III - UMA NOVA VIDA SOCIAL

Novas relações sociais. A partir de agora, o convertido passa a ter novos relacionamentos na área social: não deve basear-se em filosofias errôneas tais como “ Nem tô nem aí”,mas sua convivência com o próximo deve ser centrada no amor. A Bíblia registra: “ Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo.4:7). Temos recebido do amor de Deus, portanto devemos praticar esse amor em nossos relacionamentos.
Alguns aspectos em nossos relacionamentos precisam ser analisados, pois é necessário que mostremos a fé em ação: “ Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam,fazei-lho também vós porque esta é a lei e os profetas” (Mt. 7:12). Este versículo mostra a atitude que devemos assumir em relação aos nossos semelhantes; não sermos meros espectadores, mas sermos os primeiros a tomar a iniciativa com o fim de mostrar a diferença entre o salvo e o incrédulo.
A Bíblia ainda declara : “ Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês” (Mt. 7:2 - NVI).Isto não significa que devemos aceitar qualquer tipo de conduta, porém antes de avaliar o comportamento do próximo necessita examinar a si próprio. É o caso do homem que “engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira”, Pv. 26:19 .
Por outro lado, existem inúmeras situações novas com que o discípulo se depara: poderá participar e todas atividades sociais ou deverá exclui-se de algumas? Em primeiro lugar, tudo deve ser feito para a glória de Deus: “Portanto, quer comais ou bebais ou façais outra coisa,tudo deve ser feito para a glória de Deus” (1 Co. 10:31).
Daniel e seus companheiros enfrentaram problemas, pois tendo de mudar de ambiente, foram coagidos a desobedecer a sua fé. No entanto, decidiram não comer alimentos oferecidos a deuses estranhos e Deus honrou sua determinação ( Dn.1:8-15 ).
A Bíblia ressalta: “ Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores,nem se assenta na roda dos escarnecedores”, Sl.1:1. De acordo com esta verdade,o salvo não aceita conselhos dos ímpios, não os escolhe como companheiros e não se reúne com eles para praticar ações que desagradam a Deus.
Portanto, devemos conviver com nossos semelhantes sem participar de coisas que prejudiquem a nossa fé.O outro lado da vida social. Spurgeon assim se expressou: “ As lâmpadas não falam, brilham; um farol não faz ruído de tambores, e, no entanto, de mui longe o marinheiro pode contemplar a sua luz amiga. Que, desta forma, vossas boas obras brilhem em vossa religião. Que o sermão principal de tua vida, seja tua própria conduta”.
Nossas ações falam mais alto que as palavras.Por isso, devemos socorrer aos necessitados da comunidade.Jesus disse que: “ Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” ( At. 20: 35.)
É dever do discípulo socorrer os aflitos conforme Sl. 82:3. Dessa forma, será mais fácil conduzir pecadores a Cristo.
Através dos tempos, os cristãos têm procurado cumprir a missão de minorar o sofrimento alheio. Assim, as obras se constituem uma expressão prática de nossa fé. A Inglaterra no século 19, atuou de modo decisivo na sociedade de sua época,lutando contra a escravidão e outras injustiças sociais.
Grandes bênçãos acompanham aos que se dedicam ao próximo. A Bíblia faz promessas as que socorrem aos necessitados: “ Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita”, então “ O Senhor te guiará continuamente, e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas nunca faltam”. ( Is.58:10-11).
Conclusão. Nova vida deve ser ligada a novas atitudes. Ser discípulo é um grande privilégio.No livro “ Cristo em Cadeias Comunistas”, o autor faz uma diferenciação entre freguês e discípulo. Para ele, freguês seria aquele que tendo oportunidade de seguir a Cristo, adia sua decisão, somente na hora da morte, recebe a Cristo, ao passo que o discípulo nas horas boas ou más está sempre servindo ao Mestre. Sejamos, pois, discípulos até ao fim, quando receberemos a nossa recompensa.

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